8 de setembro de 2005

Ângulo existencial

Apressados. A Arte era algo hermético, um mundo a parte em que havia aqueles que tinham a sorte de entendê-lo e outros que gostavam ou não sem entender o que viam. Péssimo ângulo existencial: uma senhora, aproximadamente com quarenta anos, está sentada no canto da sala, casa com paredes de vidro, ela está no escuro. Atrás da cadeira onde se encontra há um vaso com flores artificiais. Em frente à porta da casa, na calçada, vê-se pintado o vulto de um homem grisalho, com roupas escuras e compridas. Ele dá a impressão de andar de um lado para o outro e olha a todo instante para a senhora 'do' escuro. Quer ver além do vaso de flores artificiais. Ela o observa, não sabe que o velho — apesar de estar submersa no escuro — também a vê.
O que eles desejam ver? O homem quer ver além do vaso de flores artificiais, mas não há o que ver pois a moldura é o limite. O limite do mundo que ali está.
O que desejamos ver? Nosso limite não é o mesmo. Colocamos o limite existencial em tudo que nos rodeia como sendo a medida do nosso próprio limite. Reduzimos nossas histórias de vida em molduras herméticas sem as quais não saberíamos viver, pois nos sentiríamos perdidos. Péssimo ângulo existencial se repetindo ou simplesmente uma sorte de ângulo?
Anna K.
Exercício literário de ângulo existencial
1997