19 de agosto de 2005

A Saga do Senhor Victorio II

Exercício literário: tempo decorrido = tempo narrado

Noite de Natal do Vovô Victorio e da neta Anabélia


— Anabélia sente falta de pinheiros e bolinhas de Natal — diz a mãe de Anabélia, Dona Ditinha para Seu Victório.
— Não dá para guardá-los porque o pinheiro seca e as bolinhas muito frágeis quebram — retruca Vovô Victorio, explicando porque nunca os comprara.
— E um pé de meia com uns presentinhos pendurado na lareira, vovô Vic ? — insiste Dona Ditinha — não seria possível ? O senhor é o único com alguma condição financeira razoável para a noite natalina.
Vovô Vic não responde. Apenas convida o filho, a nora e a neta para sentarem-se à mesa. Já são dezoito horas e a janta deve acabar ainda em dia claro para economizar luz.
— Vovô — choraminga Anabélia — sinto falta do Natal à meia-noite. Falta não — remenda ela — nunca tive um e não sei nem como é. Tenho vontade de noite natalina verdadeira — concluiu espicaçando a batatinha no prato.
Ninguém deu atenção para as reclamações de Anabélia. Não poderiam resolver. Comeram em silêncio e de vez em quando o garfo de Anabélia arranhava o prato fundo cheio de comida não natalina. Levaram os pratos para cozinha. Veio a sobremesa. Todo o ano tinha torta de amoras, naquele dia também.
Anabélia prometeu para si mesma naquele Natal que quando tivesse sua casa não dormiria antes da meia-noite. Também não plantaria pés de amora e só compraria coisas que quebram ou que secam como árvores e bolinhas natalinas.